É meeeeeeeeu!


Gabriel Rinaldi













Todo bebê já nasce egoísta – e a ciência acaba de comprovar o motivo: a área do cérebro responsável por nossos impulsos e pelo autocontrole é extremamente imatura em um recém-nascido e pouco se desenvolve até os 6 anos de idade. Só a partir daí, essa região, chamada de córtex pré-frontal dorsolateral, começa a “amadurecer”. A comprovação foi feita por uma pesquisa alemã realizada com 146 crianças entre 6 e 13 anos. É por isso que ficaríamos, então, mais pacientes e generosos ao longo dos anos.
“O resultado da pesquisa representa um avanço na compreensão de como o comportamento social se desenvolve, com implicações de longo alcance para a educação”, diz o autor do estudo, o pesquisador Nikolaus Steinbeis, do Instituto Max Planck de Ciências Cognitivas e do Cérebro, na Alemanha. E destaca a importância de ajudar as crianças a agir, de acordo com as limitações fisiológicas de cada idade.
Os primeiros sinais de egoísmo e egocentrismo (veja a diferença entre eles no destaque abaixo) começam cedo e são inconscientes. Logo que nasce, seu filho não tem a noção de que saiu do útero e foi separado da mãe. Para ele, os dois são a mesma pessoa – tudo bem, então, ir no colo de estranhos. Afinal, ele e a mãe “continuam” juntos. É somente por volta dos 6 meses que ele vai começar a perceber a diferença. Não é à toa que, a partir dessa idade, aquele bebê tão “desprendido” entra na fase que os pediatras chamam de angústia da separação. Daí em diante, essas características “pouco nobres” aparecem a todo instante: ele não quer dividir os brinquedos, sente ciúme das pessoas próximas e, quando você menos espera, vai passar a maior vergonha no playground porque o seu filho acha que o escorregador é uma área VIP...
Acontece que, assim como os adultos, é normal a criança ter carinho por algumas coisas específicas. Ela não sabe, entretanto, colocar-se no lugar do outro, nem lidar com a frustração de não ter os desejos atendidos. Então, perde o controle e um ataque de birra começa! Saiba que as crises de egoísmo são quase um pedido de ajuda e, muitas vezes, elas estão testando o limite dos pais.
Egocentrismo e egoísmo são coisas diferentes. O egoísta é aquele que não gosta de emprestar nada. Já o egocêntrico quer ser o centro das atenções. Mas ele não é necessariamente egoísta - só não quer mesmo é dividir a atenção dos outros
O que acontece, então, com aquele amigo do seu filho que está sempre disposto a dividir tudo? Resposta: o altruísmo também faz parte da genética. Um estudo da Universidade de Wisconsin, nos EUA, mostrou que bebês podem se igualar e até superar os adultos quando o assunto é fazer o bem. Metade das 47 crianças de apenas 15 meses avaliadas exibiram, em diferentes testes, fortes sinais de comportamento cooperativo. Até agora, pensava-se que elas não compreendiam o altruísmo até os 2 anos e que o senso de justiça só se desenvolvia aos 6 ou 7.
Mas não se engane: a maioria das crianças vai viver a fase do “é tudo meu!”, que atinge o ápice por volta de 3 anos. Faz parte do desenvolvimento, do amadurecimento e da formação da personalidade. “Com o passar dos anos, por meio das experiências, ela vai perceber que não dá para viver sozinha e aprende a compartilhar”, diz o psicólogo Yves de La Taille, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e especialista em desenvolvimento moral. Até lá – e para ajudar o seu filho nessa conquista social – dê o exemplo e seja paciente. “Como o processo é natural, a insistência em querer que a criança empreste o brinquedo não melhora em nada. Por isso, vá com calma e ofereça possibilidades”, afirma a psicanalista infantil Anne Lise Scappaticci, de São Paulo. “O adulto precisa administrar a situação, e não resolver pela criança”, conclui.
Claro que, durante um escândalo no meio do shopping, você dificilmente vai se lembrar das explicações científicas. Selecionamos, então, algumas dicas para lidar com as situações mais comuns.
Filhos únicos tendem a ser mais egoístas?
O primeiro filho de cada família demora, sim, mais tempo para aprender a dividir. “No começo, os pais, e, principalmente, os tios e os avôs, se voltam para a criança. Junto com o carinho e o amor, sem querer, fazemos tudo que eles querem”, diz o pediatra Marcelo Reibscheid, do Hospital e Maternidade São Luiz (SP), que é pai de Bruno, 4 anos, e Theo, 10 meses. Por isso, a escola é tão importante para os filhos únicos. É lá que eles vão aprender a conviver em grupo e ter experiências de compartilhamento. Já o segundo filho nasce em uma situação bem diferente: ele chega ao mundo dividindo os pais, a casa, o quarto, os brinquedos.
E como os pais de filhos únicos podem ajudá-los a compartilhar desde cedo? Uma dica – que, aliás, serve para todas as famílias – é fazer uma limpeza, mesmo que anual, com o que seu filho não usa e não brinca mais. Peça para que ele participe do momento da reciclagem e da doação.
Gabriel Rinaldi
Stella veste blusa Yogini
Agradecimentos: Cinerama, Fábrica de Idéias, Imaginarium, Luiza Barcelos, Ôoh de Casa, Pepper








































Seu filho não empresta os brinquedos para ninguém
Normalmente, os primeiros sinais da dificuldade de dividir surgem a partir do primeiro ano e vão diminuindo aos poucos até os 6, quando espera-se que a criança adquira o senso de viver em sociedade de forma consistente. Caso seu filho ultrapasse essa idade tendo ataques de egoísmo constantes, é melhor procurar um especialista. Pode ser que ele esteja sofrendo com algum acontecimento recente e essa seja uma forma de pedir ajuda.
Desde pequeno, gestos simples, no dia a dia, ensinam o seu filho a dividir: ofereça uma mordida da bolacha, peça ajuda para arrumar a cama, elogie um desenho que ele mostrar (afinal, ele está compartilhando isso com você!).
Durante aquele ataque de egoísmo, mostre como é mais legal brincar em grupo. Proponha uma brincadeira com os outros amigos. Pode ser um jogo ou até mesmo esconde-esconde ou passa-anel, passatempos clássicos. No meio da diversão, enfatize como aquele momento junto com os colegas está sendo legal. Se ele não quiser emprestar os brinquedos novamente, relembre aquele dia em que todos jogaram juntos. Proponha, então, que divida o que tem para que a brincadeira se torne ainda mais legal. Se continuar a resistir ao empréstimo, não force a barra nem arranque o brinquedo da mão dele. Dessa forma, a lição se perde em meio ao ataque de raiva.
Alguns especialistas indicam que os pais designem tempos para cada criança ficar com o brinquedo. Vale lembrar, no entanto, que a percepção do tempo se desenvolve só a partir dos 3 anos. Antes disso, o diálogo e o seu exemplo fazem a diferença.
Na escola, no shopping e até na casa dos outros: sua filha acha que tudo é dela
É isso que acontece na casa da Selma Rodrigues, mãe de Felipe, 3 anos. “Tudo que o meu filho vê, não importa onde está, aponta e avisa: ‘É meu’. Basta ouvir essas palavras e já sei que a tempestade vai começar. Não adianta dizer que não, explicar que o produto é de outra pessoa ou que está à venda. A crise de choro começa e ele só para quando, enfim, consegue o que quer. Então, esperamos ele se distrair para sumir com o tal objeto rapidamente”, confessa. Muita calma nessa hora. Se você ceder aos gritos do seu filho, ele vai aprender que, dessa forma, consegue tudo. “O melhor jeito de evitar a crise de choro é negociar, levando em conta a idade da criança”, orienta a psicóloga Mara Pusch, especialista em comportamentos da infância e adolescência da Unifesp.
Use sempre uma linguagem que a criança entenda e, de preferência, fale olho no olho. Ou seja, abaixe-se na altura dela. Não custa lembrar: palmadas não educam em nenhuma situação
Até os 2 anos, leve a criança para outro ambiente para distraí-la. A partir dessa idade, já dá para conversar e sugerir uma solução. Uma dica é dizer para escolher o “objeto de desejo” para o aniversário ou para a próxima data festiva. Mas se não puder comprar, fale a verdade. Quando o “piti” é com algum objeto na casa dos outros, explique que, assim como ela, todo mundo tem as suas coisas preferidas. Enfatize, portanto, que aquilo já tem dono e logo mude o foco da conversa.
   Divulgação
5 livros para falar de egoísmo
Quero Meu Jantar Escritor e ilustrador: Tony Ross
Editora Martins Fontes
O título já diz um pouco sobre esta princesinha que, sem pensar, age como uma menina mimada, mas sabe bem ouvir os outros. A partir de 3 anos.
Papai É Meu!
Escritor: Ilan Brenman
Ilustrador: Juliana Bollini
Ed. Moderna
Imagine que um pai seja tão disputado pelas duas filhas que, um belo dia, ele acabe se partindo em dois? A divertida história pode se transformar em ótima conversa em casa. A partir de 3 anos.
O Ser/O Ter
Escritor: Sonia Salerno Forjaz
Ilustrador: Tati Móes
Ed. DeLeitura
As duas histórias se encontram no final (ou seria no meio?). Uma delas narra o aparecimento de uma espaçonave. A outra fala de um rei ganancioso que quer incluir a nave em seu império. A partir de 4 anos
O Rei de Quase-Tudo
Escritor e ilustrador: Eliardo França
Ed. Global
Um rei que já tinha terras, exércitos e ouro, quis também as flores, os frutos, as estrelas e o sol. Mas não ficou feliz. Nesse clássico dos anos 70, agora reeditado, referências muito diretas vão cair direto no gosto da criança, rendendo boas discussões sobre consumo consciente. A partir de 4 anos
O Reizinho que só Falava Sim
Escritor e ilustrador: Fê
Editora Larousse Júnior
Em um reino enorme e distante vivia o importante Rei George. Dentro desse grande reino, havia um mundo bem menor, do Reizinho Guilherme. Acontece que nem sempre as coisas corriam bem com o Reizinho Gui. Ele só sabia dizer “sim” e as crianças do reino faziam dele “gato, sapato, minhoca, chinelo e muitas coisas mais”. O desfecho dessa bela história revela o papel do “sim”, do “não” e do “talvez”. A partir de 5 anos
Ele sempre chora na hora de devolver qualquer coisa
Se você passar por essa saia-justa, comece valorizando a atitude do colega que emprestou o brinquedo, por exemplo. Descreva a situação para a criança: “Olha só que bacana, o seu amigo deixou você brincar com isso, mas agora é hora de devolver.”
Se o choro persistir e seu filho continuar agarrado ao objeto (com tanta força, que ninguém consegue “apartá-los”), faça com que ele se coloque no lugar do amigo. Pergunte: “Você ficaria feliz se ele não devolvesse o seu carrinho?”. Ainda que ele seja pequeno demais para entender, esses diálogos são importantes. Antes do choro recomeçar, proponha um jogo. Dessa forma, muda a atenção da disputa e todos percebem, outra vez, como é legal brincar juntos.
Seu filho adora ser o centro das atenções
 Estamos vivendo a geração do “eu”, concluiu uma análise de quatro décadas da Universidade de San Diego, nos EUA. As preocupações se tornaram mais extrínsecas, segundo os pesquisadores. Ou seja, dinheiro e fama ganharam mais importância do que afiliação e comunidade. Daí a percepção de que as gerações Y e Z (os nascidos de 1982 para cá) são as mais egoístas de todos os tempos.
Mas isso, obviamente, não serve de desculpa: toda criança pode, e deve, se tornar uma pessoa sociável. Em casa, não deixe seu filho interromper a conversa dos adultos, explicando que todo mundo tem a sua vez de contar uma história. Controle-se, ainda, para que ele não se torne o seu único assunto (tudo bem ser o principal, mas não o único!). Só assim, ele vai aprender a esperar e entender que não é o centro do mundo. O exemplo dos pais, dos educadores e a convivência com outras crianças é fundamental nesse aprendizado. Afinal, as experiências vividas em grupo são capazes de moldar o nosso jeito de ser. “Na escola, observamos que há vários perfis: o tímido, o bagunceiro e aquele que gosta de aparecer, entre outros”, diz Eliane Aparecida Lima, do Colégio Santa Maria, em São Paulo. “O importante é garantir que todos tenham os mesmos direitos, principalmente em sala de aula, e incentivar cada um a exercitar as suas características mais fracas.”
Você não pode conversar com ninguém que ela faz um escândalo
Quem nunca viu uma criança tentando separar os pais durante um beijo? Isso acontece de 2 a 3 anos e é totalmente esperado, principalmente em relação à mãe. Desde que nasceu, ela é a pessoa que sempre esteve ao lado dele. E, cá entre nós, fazia qualquer coisa para não ouvi-lo chorar. Como não se sentir exclusivo?
Se o seu filho chorar quando você pegar outra criança no colo, relembre alguma situação muito legal que viveram juntos, conte uma história... O objetivo é mostrar a ele que carinho, tempo e atenção podem ser divididos.
O importante é não ceder a todas as vontades dele e ter paciência. Afinal, todo mundo aprende, mais cedo ou mais tarde, que não dá para ser feliz sem compartilhar, acredita o neuropediatra Paulo Breines, do Hospital e Maternidade São Luiz (SP). Afinal, quem quer tudo para si acaba sozinho. “Aos poucos, a criança começa a perceber que sem o outro a brincadeira não tem graça”, conclui.
E quando ele é “bonzinho” demais?
O altruísmo, é claro, deve ser valorizado, mas a criança também precisa entender que alguns podem passá-la para trás por isso. Em primeiro lugar, tente perceber se ela é caridosa ou passiva.
A primeira é desapegada de coisas materiais e não se arrepende de ter dado um brinquedo novo a outra criança, por exemplo. Não há problema nisso, desde que ela aprenda que certos objetos são especiais, como aquela boneca que foi da mamãe. Ela também tem de entender que não é legal oferecer dinheiro para crianças no semáforo. Como alternativa, que tal deixar alguns brinquedos ou roupas usadas no carro para ela doá-los a quem sentir vontade?
No caso das crianças submissas, a doação acontece não por vontade própria, mas porque ela se sente acuada e não consegue dizer não. Um exemplo clássico é a criança voltar para casa sem canetas no estojo da escola com frequência. Muitas vezes, ela pode até sentir vergonha de contar aos pais o motivo do sumiço de suas coisas. Lembre a ela que, para ser aceito em um grupo, não é preciso ceder a toda hora.
Para as duas situações, o termômetro é o mesmo: se o comportamento prejudicar a criança, é hora de buscar ajuda profissional.

20 dicas para amamentar com sucesso


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Amamentar é PURO instinto.” Você vai ouvir essa frase muitas vezes quando estiver grávida, e mais ainda quando seu bebê nascer. É quase tão absurdo quanto dizer que toda mulher nasceu para ser mãe. Vamos combinar, não é bem assim. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) do ano passado mostram que, no Brasil, apenas 41% das crianças recebem aleitamento materno nos primeiros seis meses, números que acompanham uma tendência mundial. Amamentar está longe de ser algo simples. E a própria OMS reconhece: é preciso aprender. “As mulheres que recebem algum tipo de orientação durante o pré-natal amamentam duas vezes mais que as que não recebem”, afirma Fernanda Cristina Mikami, médica-assistente de obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Quanto mais você estiver informada, se preparar (os cuidados começam na gestação) e souber lidar com os desafios que podem acontecer nas primeiras semanas, mais segurança vai sentir e melhor será sua adaptação também – ainda que alguns problemas possam surgir, como aconteceu com a atriz Luana Piovani, mãe de primeira viagem de Dom. Ela foi sincera e postou no Twitter em março, poucos dias após dar à luz: “Amamentar dói muuuuito! Só registrando...”. Mas a importância do seu leite é indiscutível: pesquisas mostram cada vez mais benefícios, como proteção contra câncer de mama na mãe e aumento de QI no bebê. Por isso, preparamos um guia com tudo o que você precisa saber – e mostramos também o que fazer se a situação se complicar.


1. Converse (muito) com seu obstetra
É bem provável que esse papo aconteça no começo do segundo trimestre. Pergunte tudo, mesmo aquilo que você acha que pode ser bobagem, como “meu seio vai cair?”. Vale lembrar que, se a sua mãe, ou irmã, teve dificuldade para amamentar, mas nenhum problema fisiológico foi diagnosticado, como no bico do seio, você não corre nenhum risco a mais de passar pela mesma situação.
2. Descubra qual é o seu tipo de bico
Oi? Você não entendeu errado, não. Entre as muitas coisas que você vai descobrir durante a gestação, o tipo de bico do seio é uma dessas – e isso pode interferir na amamentação. Basicamente, há quatro tipos. O tradicional, considerado ideal para o bebê abocanhar e sugar o leite. Está para fora e enrijece durante a amamentação. Há também o curto, que lembra o tradicional, mas é menor. E, por fim, o plano e o invertido. O primeiro, como o nome diz, não sobressai e dificulta a pega da criança na hora de mamar. O segundo lembra um umbigo voltado para dentro e pode aparecer em três níveis de intensidade. Os de graus um e dois se projetam para fora com a manipulação. Já o de grau três pode ser corrigido com os chamados exercícios de Hoffman (movimentos nas mamas feitos com as pontas dos dedos em direção ao bico na gestação). A quantidade de vezes por dia e o período devem ser orientados pelo médico, pois a estimulação do seio libera ocitocina, e isso, no final da gravidez, pode levar a contrações e adiantar o parto. Existem ainda outras duas opções. A concha preparatória, usada entre o sutiã e o seio, que faz uma leve pressão para o bico sair. Use-a pelo menos duas horas por dia desde a gravidez. Já o corretor de mamilo funciona como uma bomba que “suga” o bico, mas o manuseio é simples e indolor. Use-o por duas horas não consecutivas todos os dias. Se quando o bebê nascer o problema persistir, utilize-o antes das mamadas.
3. Prepare as mamas
Esqueça aquela história de usar bucha vegetal para engrossar a pele do mamilo: pode causar ferimentos na região e até prejudicar a amamentação no futuro. O único método que funciona é tomar sol na região, todos os dias, antes das dez da manhã e depois das quatro da tarde, por volta de 20 minutos (não passe protetor solar nos mamilos). Os raios solares aumentam a produção de melanina, uma proteína responsável pela cor da pele e que também tem a função de protegê-la. Se não for possível, faça um sol artifi­cial em casa com uma lâmpada fluorescente. Aproxime-a dos seios, a uma distância de dez centímetros, pelo mesmo tempo.
4. Não exagere na limpeza durante o banho
A higiene com água e sabonete neutro é suficiente. Use o produto na região uma vez por dia para não ressecar e evitar rachaduras – se tomar mais de um banho por dia, deixe apenas a água escorrer. Se sentir que os seios estão com um resquício de leite, passe um algodão embebido em água morna. Cremes hidratantes e óleos corporais podem ser usados na pele do seio, mas jamais no mamilo.
5. Acerte na “pega”
Mais uma palavra que vai entrar para o seu vocabulário. Quer dizer a maneira como seu filho deve abocanhar o seio. A boca do bebê deve pegar toda a aréola, até os mamilos, que devem se posicionar no céu da boca. Você pode ajudar a sustentar a mama segurando-a com a mão em forma de concha (fazendo um C, com o polegar acima da aréola e indicador abaixo dela). Os lábios da criança devem ficar virados para fora. Observe também a sucção. Se houver barulhinho durante a mamada é porque está entrando ar, e a pressão da boca no seio não será suficiente para extrair o leite. Esse processo estimula a produção do hormônio ocitocina, que ajuda na “descida” e na produção do leite. A mesma substância causa, ainda, contrações uterinas, o que faz com que o útero volte ao tamanho normal. Se o peito estiver muito cheio, talvez o bebê não consiga abocanhá-lo. Nesse caso, basta retirar um pouco de leite antes de amamentar. E não esqueça: antes dele fazer a pega, limpe os seios com algodão e água. Se não estiver em casa, passe um pouco do leite no bico.
6. Faça um curso de gestante
Vai ser mais uma oportunidade para falar sobre amamentação, cuidados com os seios etc., e uma chance para você esclarecer as dúvidas que ainda ficaram e compartilhar seus anseios com outras grávidas. Veja no destaque abaixo o curso de gestante online – e grátis! – que preparamos para você.
7. Compre sutiãs de amamentação
Não deixe de fora da sua mala da maternidade. Devem ter abertura frontal, alças largas e ser confortáveis (já existem modelos mais divertidos que fogem do branco e do bege!). Compre ao menos um número maior. Afinal, seus seios vão aumentar quando começar a amamentar. Se for usar absorvente ou concha, opte pelos modelos sem bojo ou casca (os mais maleáveis ajudam a disfarçar esses apetrechos). O ideal é que você tenha pelo menos três.
8. O tipo de parto influencia pouco
A OMS recomenda que a amamentação aconteça na primeira hora de vida do bebê. Mas isso nem sempre é possível, principalmente se o parto for uma cesárea eletiva (ou seja, quando a gestante não entra em trabalho de parto). Na cesárea, a ação dos hormônios é menos intensa do que no parto normal, o que pode prejudicar a “descida” do leite. Em alguns casos mais raros, o obstetra vai indicar a administração de ocitocina sintética. O importante é insistir: algumas horas ou dias de “atraso” não vão prejudicar o sucesso do aleitamento do seu filho.
9. Aprenda a posicionar o bebê
São três posições. A “barriga com barriga” que, como o nome diz, é aquela em que todo o corpo da criança fica voltado para a mãe, e o rosto, de frente para o seio. O “cavalinho”, recomendado para prematuros ou recém-nascidos com refluxo, é quando o bebê fica encaixado, como se estivesse sentado, na perna da mãe – não funciona para quem tem mamas volumosas. A última, a invertida, é usada geralmente por mães de gêmeos. Nela, a criança fica debaixo do braço e tem um travesseiro de apoio para o corpo. “Mães que fizeram cesariana podem usar esta posição caso sintam dores na região abdominal nos primeiros dias”, diz Ana Cristina Abrão, diretora do Grupo de Incentivo ao Aleitamento Materno da Unifesp.
10. Delete os milhões de conselhos
Segure o bebê assim, coma isso para fortalecer o leite, faça aquilo e não terá rachaduras nos seios. Se você for seguir cada uma das dicas que ouvir, vai enlouquecer. E o estresse interfere na produção de leite. Na dúvida, fale com o obstetra ou com o pediatra. Mas uma dica vale considerar: descanse sempre que puder.
11. Converse com as enfermeiras
Você pode até estar superinformada, mas não deixe de tirar as últimas dúvidas com as enfermeiras quando seu bebê nascer. Não economize nas perguntas: elas estão preparadas para isso.
12. Não agende horário para dar de mamar
A amamentação deve acontecer sempre que seu filho estiver com fome. É o que os médicos chamam de livre demanda. Um estudo do Instituto de Pesquisas Sociais e Econômicas da Universidade de Essex, na Inglaterra, mostrou que os bebês alimentados toda vez que tinham vontade se saíram melhor em provas escolares, incluindo testes de QI. O recém-nascido leva, em média, 40 minutos para mamar. Com o passar dos meses, o período entre cada mamada vai aumentando e, assim, vocês conseguem se organizar melhor.
13. Dê um peito a cada mamada
O leite que sai no final é rico em gorduras e, portanto, fundamental para a criança ganhar peso. Para não esquecer qual foi o último seio que você deu, use sutiãs com marcadores ou anote. Se tiver um smartphone, baixe aplicativos como o Breastfeeding Management e o Baby Nursing/Breast Feeding Tracker (para iPhone) e o Breast Feeding Tabulator (para Android). Neles, há ferramentas que marcam o número, a duração e o intervalo entre as mamadas.
14. Prepare-se para as mamadas noturnas
Nos primeiros dois ou três meses, os médicos recomendam que o bebê seja acordado durante a noite para mamar, caso não desperte sozinho. O mesmo vale para o restante do dia – a criança não pode ficar mais de quatro horas sem se alimentar. Depois, o pediatra avalia cada caso. Uma boa poltrona de amamentação é útil, mas não imprescindível. No dia a dia, você vai amamentar no seu quarto, na sala, na casa dos outros e até em público (por que não?), como você vai ver em seguida.
15. Tudo bem amamentar em público
Isso vai acontecer, de cara, na maternidade. E, depois, você vai querer passear com seu filho, participar das comemorações e também levá-lo ao pediatra ou ao posto de saúde para vaciná-lo. Se deixar o seio à mostra está fora de cogitação, vale cobri-lo com uma fralda de pano ou então comprar uma capa de amamentação, vendida em lojas especializadas para gestantes. O acessório vem com um prendedor, que fica ao redor do seu pescoço – e aí não precisa se preocupar se o pano vai cair. Ao sair, prefira roupas que facilitem o processo, como camisas ou blusas e vestidos cachecour.
16. Cuide da alimentação
Sim, ela é importante durante a amamentação também, porque os nutrientes que você consome (assim como os seus anticorpos) passam pelo leite para o bebê. Tanto que uma pesquisa feita pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro com ratos mostrou o que pode acontecer quando a mãe tem uma alimentação rica em gorduras: as taxas de triglicérides dos filhotes aumentaram e, pior, os níveis de HDL (o colesterol bom) diminuíram. Não há estudos que relacionem a alimentação da mãe às cólicas do recém-nascido. Até mesmo a cafeína pode ser consumida com moderação, de acordo com estudo recente da Universidade Federal de Pelotas, publicado na revista Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria. Os pesquisadores concluíram que uma xícara de café ao dia (ou seja, 200 miligramas de cafeína) não interfere no sono dos bebês.
17. O seu leite é forte, acredite
Não existe leite fraco – até o das mães desnutridas é rico. O que pode acontecer é você ter mais ou menos leite. Para garantir uma quantia abundante, beba muito líquido (saiba os mais indicados no item a seguir). A sucção estimula a produção do leite: quanto mais o bebê mamar, mais você vai produzir. Por último, nenhum alimento aumenta ou melhora a qualidade do leite, ao contrário do que diz a sabedoria popular.
18. Tenha uma moringa sempre por perto
Vale água, suco, chás (sem cafeína) e até sopas. O importante é hidratar o organismo o dia inteiro. Caso você sinta que o leite está “secando”, certifique-se de que o bebê está sugando corretamente. Evite o uso de mamadeiras, porque elas dificultam a readaptação ao bico do seio.
19. Amamentando gêmeos
O aleitamento de gêmeos pode ser feito separadamente ou ao mesmo tempo. As dificuldades estão em organizar as mamadas (lembrar quem mamou por último, por exemplo) e encontrar as posições adequadas. Uma das maneiras de segurá-los ao mesmo tempo é colocar dois travesseiros sobre o colo e posicionar os bebês virados para lados opostos, com as cabecinhas próximas. Evite escolher um peito para cada criança. Aos poucos a mãe vai descobrir, junto com os bebês, a melhor forma de amamentá-los.
20. O segredo é ser paciente
A amamentação pode ser aprendida, agora você já sabe, e existe solução para a maioria dos obstáculos. Troque experiências com outras mães, consulte a CRESCER, seja perseverante. Vai valer a pena, garantimos.
E se...
...o peito rachar Se a pega for feita de maneira errada, pode machucar e fissurar a região (ui!). O médico pode indicar uma pomada à base de lanolina para tratar e para que você continue amamentando.
...ele só mamar em um dos seios Não há motivos médicos para isso. O que pode estar acontecendo é que você segura o bebê melhor de um lado ou o posiciona melhor com um dos braços. Preste atenção na próxima vez.
...o leite empedrar Isso se chama mastite. Acontece porque a mama não está esvaziando direito, pois o bebê não mama o suficiente ou porque se produz muito leite. Massageie os seios antes e durante o aleitamento com movimentos leves, com as pontas dos dedos em direção ao bico. Além disso, ordenhe um pouco antes da mamada para retirar o excesso. Se o seio estiver duro, tire sua temperatura. Se for maior que 37,8ºC, procure o seu médico ou um posto de saúde para fazer uma avaliação.

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Ricardo Corrêa
WLADIMIR TABORDA 
Médico ginecologista, obstetra e doutor em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo. Autor do livro “A Bíblia da Gravidez” e todo mês responde suas dúvidas sobre gravidez
P: Tenho 34 anos e um filho de 5. Na primeira gestação correu tudo bem. Mas os exames que realizei para engravidar novamente, no ano passado, constataram a presença do citomegalovírus (CMV). Que cuidados devo tomar daqui em diante?Meriely bargas, São Paulo (SP)
Dr: O citomegalovírus é um vírus da família do herpes, transmitido pela saliva, urina e fezes. A maior parte dos portadores do CMV vive sem sintomas. Mas ele pode ser perigoso ao bebê se a mãe contraí-lo no início da gestação. Nesse caso, 15% dos filhos das portadoras poderão apresentar as sequelas mais graves, que são microcefalia, retardo mental, perda de visão ou surdez. Não existe tratamento preventivo, mas alguns antivirais podem ser usados com sucesso para tratar o recém-nascido caso ele seja afetado, daí a importância do diagnóstico na gravidez.
P: Estou na 26ª semana de gravidez, mas segundo a obstetra, a altura uterina não mudou desde a 21ª. Estou confusa, pois tive contrações e até emagreci, mas não houve perda de sangue ou líquido. Alguma suspeita do que pode estar acontecendo?Bruna Bruno, por e-mail
Dr: A altura uterina é a medida da curva da barriga da grávida, que é feita com fita métrica a cada consulta do pré-natal. Se a medida não estiver de acordo com a idade gestacional, há a possibilidade de o bebê estar sofrendo um retardo de crescimento que pode ser devido a fatores como cigarro, hipertensão e doenças infecciosas. Para fazer o diagnóstico, o seu médico deve pedir alguns exames, como um ultrassom, para avaliar a quantidade de líquido amniótico (pouco líquido é um sinal de que a placenta não funciona bem) e também o Perfil Biofísico Fetal (que analisa a movimentação do bebê, entre outros). Outro teste útil é a avaliação do fluxo de sangue nas artérias umbilicais para descobrir se o bebê é pequeno, porém saudável, ou não está crescendo mesmo.
P: Aos 37 anos, descobri que tenho uma obstrução tubária bilateral. Gostaria de saber se ainda assim tenho chances de engravidar? Mônica Alves, por e-mail
Dr: As suas chances de engravidar espontaneamente são remotas. Além da idade avançada do ponto de vista reprodutivo, a obstrução nas duas trompas não permite a passagem normal dos espermatozóides para a fecundação. Isso também dificulta o retorno de um eventual óvulo fecundado, que poderia se desenvolver na própria trompa (gravidez ectópica). Recomendo procurar um especialista em reprodução assistida para uma avaliação mais detalhada.
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Minha filha de 15 anos viu a irmã nascer



  arquivo pessoal
"Depois de seis anos de tentativas sem sucesso, pensei que não engravidaria novamente. Já tínhamos praticamente desistido. Eu e meu marido, Henrique, estávamos passando por um momento de estresse, ficamos quase dois anos desempregados. Quando conseguimos abrir uma loja, finalmente relaxamos... e aí tivemos uma surpresa. Em dezembro daquele ano, veio somente um sinal de menstruação e, no mês seguinte, nada. Decidi, então, fazer um teste de farmácia. Deu positivo! Na hora, liguei para o meu marido e para a nossa filha Larissa, de 15 anos. Eles não conseguiam acreditar.
Eu fiquei meio assustada, porque já tinha 43 anos, era uma gravidez de risco. Para piorar, meu marido não podia comparecer aos exames, já que precisava cuidar da loja. Mas a Larissa deu o apoio que eu precisei, ia a todas as consultas e até controlava o que eu comia. Principalmente porque, no quarto mês da gravidez, fui diagnosticada com diabetes gestacional. Tive de seguir uma dieta específica, perdi seis quilos. E ai de mim se ignorasse os conselhos da médica: a Larissa contava tudo a ela.
Mas minha filha queria participar ainda mais. No primeiro exame morfológico, a médica já desconfiou de que fosse uma menina. Quem escolheu o nome foi Larissa: a irmãzinha se chamaria Heloísa. Desde o começo, ela pedia para assistir ao parto. Meu marido, diante de tanta insistência, cedeu. Afinal, não pode com esses assuntos médicos, digamos assim. Eu achava que não era permitido, por ela ser menor de idade. Visitei a maternidade na qual faria a cirurgia e perguntei se seria possível tê-la como acompanhante. Os funcionários fizeram cara feia, mas a minha médica autorizou. “Esse bebê é mais filho da Larissa do que seu!”, brincava.
Por causa da minha idade, optamos por uma cesárea. O parto foi agendado para o dia 12 de julho de 2011, às 13 horas. Cheguei mais cedo à maternidade e aproveitei para confirmar se minha filha realmente poderia me acompanhar. A chefe de obstetrícia nos alertou que seria um tanto arriscado deixar uma criança ver uma cena tão impressionante. Então, chamei Silvia, uma amiga, para garantir uma companhia. Enquanto isso, minha médica e o anestesista continuavam buscando uma autorização, mesmo que informal, para a Larissa presenciar a cirurgia. E conseguiram. Não a deixaram ficar ao meu lado, mas permaneceu em frente à porta, de onde viu o parto todinho e fotografou cada minuto. Quando Heloísa estava nascendo, Larissa entrou na sala para ver a irmã de perto pela primeira vez. Começou a chorar, e todos se comoveram. Dali, ela saiu correndo para mostrar as fotos ao pai, toda orgulhosa.
Larissa e Heloísa são supergrudadas. Quando chega da escola, a mais velha lava as mãos, troca de camiseta e vai brincar com a bebê. Já planeja a festa de 15 anos da irmãzinha, as viagens que vão fazer juntas... Temos muito orgulho em contar essa história. Larissa me deixou muito segura estando ao meu lado desde o início. E quero que a Heloísa seja companheira assim também. Serão duas amigas que terei para sempre.
Quem pode assistir ao parto?
A lei 11.108, de 2005, conhecida como Lei do Parto, permite que a mulher escolha um acompanhante para o período antes, durante e após o nascimento do bebê. “Se houver alguma complicação, a equipe médica pode afastar o acompanhante”, explica Esther Vilela, coordenadora da Área Técnica da Saúde da Mulher e da Rede Cegonha. Isso vale para o Sistema Único de Saúde (SUS) e costuma ser respeitado pelas instituições particulares.
Por lei, os planos de saúde não podem cobrar a taxa de paramentação (procedimentos de higienização do acompanhante, o que inclui a roupa), a não ser em contratos anteriores a junho de 1998.
Decisões como o número de acompanhantes cabem ao hospital e aos profissionais, que vão considerar o tamanho da sala de parto e as condições em que ele acontecerá.
Uma amiga, um parente ou o pai do bebê. É a gestante que escolhe quem a acompanhará nesse momento especial. O importante é sentir-se amparada e segura.
  arquivo pessoal
Larissa com o pai, Henrique, e a irmã Heloísa: ela foi a todas as consultas do pré-natal da mãe Ana Lúcia (à dir.) e tirou as primeiras fotos do bebê ainda na sala de parto

Suas Ideias



   Reprodução
O sexo dos filhos influencia na educação?
A reportagem veio em ótima hora. Sou mãe de um casal – minha filha tem 5 anos e meu filho, 2 – e estou tendo dificuldades na educação, principalmente agora que o mais novo já entende as brincadeiras da mais velha. Depois de ler a reportagem, quero incentivar ainda mais essa convivência entre eles.Mariana Ferreira, mãe de Júlia, 5 anos, e Matheus, 2
Coisas pra lá de esquisitas que só acontecem com criança
Quando li essa reportagem, me lembrei de uma situação que aconteceu quando meu filho tinha 3 anos. Era dia de consulta com o pediatra e estávamos esperando o elevador em um daqueles prédios comerciais para subir até o consultório. A porta abriu e entramos. Eu, meu filho e uma mulher. Segundos depois, senti um cheiro ruim. Mas, antes que eu pudesse pensar, meu filho disse: “Mamãe, que fedor! Não fui eu, viu?”. A moça ficou vermelha e seguimos em silêncio. Quando a gente entrou no consultório, ele contou tudo para o pediatra. Eu só conseguia rir. Silvia Rais, mãe de Felipe, 6 anos
Grávida
Existem tantos modelos de móbile que a gente fica muito em dúvida na hora de escolher. Depois dessa fase, chegou a hora de montar. Passei a tarefa para o meu marido, que pendurou onde bem quis. Até que a revista chegou e tirou a nossa dúvida a tempo. Ufa!Camila Andrade Veiga, grávida de Caio

Muitas boas notícias



Rodrigo Schimidt
Eu e minha filha, Helena, 3 anos
Você vai ver, nas próximas páginas, várias “estreias”. São novas seções para inspirar e ajudar mães e pais. Eu Quero! é uma delas. A partir de agora, você vai encontrar um espaço só para os produtos que adoramos: objetos de decoração, itens do enxoval, acessórios, roupas e sapatos para as crianças e para as grávidas, enfim, o que de mais bacana existe por aí.
Em Ajuda Extra, uma ginecologista especializada na saúde da mulher que tem filhos, uma pediatra e um educador se revezarão, a cada mês, para dar dicas de como tornar o seu dia a dia ainda melhor. História de Parto, que você já conhecia, ganhou mais espaço. E tem muito mais. Mais informações sobre gravidez (que deixaram de ficar concentradas no final da revista), mais inspirações de moda (veja como o nosso superespecial ficou lindo!), ainda mais histórias emocionantes (uma mãe cadeirante e outras seis mães presidiárias contam seus dramas), tudo acompanhado de pesquisas e sugestões dos melhores especialistas de cada área.
Para fazer essas novidades acontecerem, parte da nossa equipe mudou. Malu Echeverria, mãe do Gael, 2 anos, que era editora do site CRESCER, agora é responsável por toda a área de saúde e gravidez. No site, e em todas as nossas plataformas digitais, Gisela Blanco, mãe do Luizinho, 1 ano e meio, assume. Chega também Tamara Foresti, ex-repórter da CRESCER que agora volta como editora-executiva. Ela chegou no último dia desta edição e já começou a todo vapor. Tamara ainda não tem filhos, é recém-casada, e já que estamos falando em casamentos e bebês... Mais duas boas notícias por aqui. Nossa editora de educação e cultura, Cristiane Rogerio, está gravidíssima da Clarice, sua primeira filha, e a repórter Bruna Menegueço se casa neste mês! Viu só, quanta coisa para a gente comemorar? Espero que você goste das novidades e curta a CRESCER ainda mais. Escreva contando o que achou! Um beijo e até o mês que vem,
Daniela Tófoli Redatora-chefe 
dtofoli@edglobo.com.br
Gabriel Rinaldi; Raoni Maddalena
Tiago, nosso designer, se diverte com Yasmin na foto para a capa deste mês. Já Isabele brinca com o arranjo de flores que ensinamos no Quintal. A ideia é que seu filho faça para o Dia das Mães. Tem presente melhor?

O avanço tecnológico da preguiça



Ilustração: Ricardo Gimenes
Fala-se muito do avanço da tecnologia. E pouco do avanço da preguiça impulsionado pelo avanço tecnológico. Aliás, desde tempos imemoriais, a tecnologia sempre esteve diretamente ligada à preguiça de fazer trabalhos braçais, cerebrais ou “pernais” e outros “ais”.
Nossos antepassados distantes, os homens das cavernas, logo depois de aprenderem a andar eram obrigados a aprender a… correr! Adultos e crianças tinham que ter o físico em dia para não virar refeição dos tigres-dentes-de-sabre. Aí, inventaram a roda e pimba: o vírus da preguiça foi introjetado na alma humana. Hoje cá estamos, a imensa maioria de seres no planeta, levando a vida sentados em poltronas, automóveis, escritórios... Agradecendo todos os dias ao inventor do controle remoto, da batata frita no saquinho e do ar-condicionado.
Não ria, a situação é delicada. Dia desses fui até uma concessionária de automóveis para tentar realizar o sonho de encontrar um carro que oferecesse mais conforto para eu enfrentar o terrível trânsito da cidade de São Paulo. Rezava para o vendedor aparecer com um modelo de veículo que fosse uma réplica do meu escritório ou, pensando melhor, da minha sala de estar, com sofá, mesinha de centro, acesso à internet, TV, videogame e frigobar. Ele não tinha esse modelo, mas apareceu com uma novidade mais bizarra. Em pleno test drive, o rapaz da concessionária me apresentou ao “detector de chuva”. Sim, este é o nome do acessório de luxo. Ao sinal do mínimo chuvisco, uma célula detecta a presença de vapor d’água na atmosfera e liga o limpador do para-brisas! Fiquei estarrecido e disparei a pergunta inevitável: mas… pra quê?!?
Depois de anos de evolução, o ser humano precisa de um acessório para poupar o seu cérebro de pensar – nossa, vai chover… – e apertar um botãozinho no painel do carro?!? O vendedor riu, cons­­trangido com a minha pergunta, mas não totalmente de acordo com a minha indignação. Não tenho dúvidas de que, nesse instante em que você lê essas linhas, milhares de pessoas estão inventando coisas novas para a gente não precisar se movimentar. Pior, para a gente não precisar nem pensar! Veja a tragédia que se abateu sobre os motoristas de táxi depois da invenção do GPS. Tornou-se impossível transitar pela cidade sem que o motorista seja ludibriado pela fé no aparelho.
A dificuldade de locomoção pelas grandes cidades sempre existiu. Antes, o motorista consultava o guia das ruas e os próprios colegas para aprender os novos trajetos. Agora, com preguiça de pensar, deixa o GPS pensar por ele. Só que o GPS, assim como o motorista, foi fabricado por humanos e, portanto, também erra! Juntos, GPS e motorista, erram cada vez mais. E fingem que nenhum dos dois tem nada a ver com isso!
Espero que você tenha seguido o meu raciocínio e comece a observar à sua volta. Especialmente o comportamento dos seus filhos que já nasceram nesse mundo de facilidades e confortos tecnológicos. É importante que nós, preguiçosos ancestrais, os pais dos filhos da geração digital, reconheçamos o fato inquestionável do avanço tecnológico da preguiça. E lutemos para não virar usuários de “detectores de chuva”. Antes que seja tarde, pessoal, com todo respeito, eu os convoco para uma missão importante: vamos mexer a bunda!

O valor da educação



Ilustração: Alan Leitão
Há quase 20 anos circulo pelo Brasil como autor de livros infantis e educador, sempre abordando temas que circundam a infância e a juventude. Já estive em quase todos os estados brasileiros, conheci a miséria e a opulência do nosso país, trabalhei em creches, centros de juventude, hospitais, escolas públicas, privadas etc.
Mas por que estou contando isso pra vocês? Era mais fácil passar meu site e lá estão todas essas informações. É que outro dia recebi um e-mail solicitando minha participação num evento educativo, queriam uma palestra. Até aí, nada de novo.
Agora vem o que me deixou pensativo e me recordou algumas situações semelhantes no passado. A instituição que me convidava para palestrar por três horas queria que eu, gentilmente, em prol da educação, não cobrasse por minha palestra. Acontece que tal instituição privada cobra fortunas em mensalidades dos seus alunos. Gentilmente, eu diria para os alunos dessa mesma instituição não pagarem mais suas mensalidades em prol da sua própria educação.
É evidente que nesses anos todos fiz, e ainda continuo fazendo, muita coisa voluntária. Aliás, essas são atividades que nem devemos ficar falando por aí, temos de fazê-las por motivações internas, não porque os outros vão aplaudir.
Lembro de outro caso parecido, numa escola riquíssima de São Paulo. Ela me liga, convidando para a realização de um trabalho, mas queriam também de graça. Eu não aguentei e respondi para a coordenadora da escola: “A senhora vai para o médico e pede que a consulta seja de graça? O encanador resolve seu problema em casa e você diz: ‘Obrigado, foi um trabalho excelente, que Deus lhe pague...’”
Isso tudo diz muito do valor que damos à educação. Em certas profissões não existe a menor possibilidade de isso ocorrer, nem passa pela cabeça das pessoas não pagar pelo trabalho que outro está fazendo. Por que isso não vale também para quem trabalha com educação? Tem uma frase famosa da atriz Cacilda Becker que diz: “Não me peça para dar de graça a única coisa que tenho para vender”.
Acredito piamente que o trabalho do educador é um dos mais importantes da nossa sociedade. O que não nos damos conta é que os educadores estão mais tempo com os nossos filhos do que a própria família, são eles que participam ativamente da formação intelectual e afetiva das crianças. A importância do educador é tanta que já presenciei muitos lapsos de crianças em salas de aula, chamando seus professores de : “mãe”, “pai”, “avô”, “avó”. Somente pessoas marcantes na vida de alguém é que podem provocar nas crianças tal ato falho, ou seja, valorizar a educação e seus agentes é valorizar nossos filhos e a sociedade no geral.

Maternidade aprisionada



  Raoni Maddalena
Ivone com Breno, 3 meses, uma das sete detentas da ala de amamentação da Penitenciária 2 de Tremembé
Uma a uma, as portas de aço são fechadas. O som estridente do ferrolho é o último sinal, um aviso que os bebês já conhecem. O ruído anuncia que é chegada a hora deles ficarem somente com suas mães. Num instante, se acalmam e param de chorar. A funcionária confere as celas e tranca o portão do pátio. São 16h30, momento no qual as presas que são mães, e passaram o dia trabalhando, reencontram e aninham seus filhos. Para elas, é como se estivessem bem longe dali, em um lugar mágico. Para os bebês, é apenas o colo materno, que, em um presídio ou em qualquer outro canto do planeta, é o local mais seguro de todos.
“Ele é a ‘costelinha’ da mamãe, que me aquece e acompanha”, fala, alegre, Ivone Rodrigues dos Santos, 33 anos, sobre Breno, seu bebê de 3 meses. Ela é uma das sete detentas da ala de amamentação da Penitenciária 2 de Tremembé, interior paulista, unidade considerada modelo pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) do governo estadual. Cada cela é individual, com cama, berço, enxoval, banho aquecido, banheira de plástico, fraldas descartáveis e produtos de higiene. As detentas grávidas fazem as consultas básicas do pré-natal, como coleta de sangue, cardiotocografia e medição da barriga e do peso. Os ultrassons são feitos fora do presídio. Uma vez por mês, as crianças vão ao pediatra de um serviço público.
Para muitas brasileiras, isso tudo seria até um luxo, não fosse ali uma prisão. E é claro que isso não ocorre em todas as penitenciárias femininas. Não existe ala para grávidas em todas, mas, em geral, por não haver superlotação como nos presídios masculinos, as detentas dividem as celas com, no máximo, outras três. Nas cadeias públicas, por outro lado, há casos de 20 mulheres juntas.
Ivone, condenada a dois anos e três meses por estelionato (“pouca vergonha”, ela diz) – e que estava grávida de cinco meses quando foi levada para a cadeia –, entrou em pânico ao imaginar que teria o filho ali. Só se acalmou quando soube que seria transferida para uma unidade modelo. Breno nasceu em 20 de janeiro, uma semana e um dia depois de Ivone ter sido transferida. Hoje, ela ocupa seu tempo livre refletindo sobre o que fez, o futuro da criança em seu colo, da qual ela não desgruda, e de seu outro filho que está com uma das avós.
Helen Bruna da Silva, 22 anos, conta que cresceu “na vagabundagem”, e que a gravidez da filha Isabella, hoje com 2 meses, ocorreu dentro de uma cela, só que da Penitenciária 1 de Tremembé (masculina), em uma visita íntima. Sua história é muito semelhante à de outras presas no Brasil: os companheiros também são presidiários. Ela foi condenada a dois anos por tráfico de drogas, crime cometido em 2008 ao lado do agora ex-marido, com quem rompeu quatro meses atrás. Com ficha na polícia e por causa da barriga de cinco meses, foi reconhecida por uma vítima num assalto e está presa há seis meses. “Entrei aqui menina. Hoje só o que quero é levar minha filha na escola, dar comida e fazer tudo como qualquer mãe que tenha responsabilidade.”
Treinadas para sair
À primeira vista, o discurso de Helen e de tantas outras soa como uma apelação para o juiz. Na unidade modelo, parece fazer mais sentido, por conta do projeto, de apenas um ano, para ressocializar as internas que são mães. Comandado pela psicóloga Márcia Regina Soler Romero, o presídio feminino de Tremembé permite que elas fiquem com seus filhos até os 6 meses. Embora isso seja lei e devesse ocorrer em qualquer presídio, em alguns a situação é tão precária que o juiz determina o afastamento precoce de mãe e bebê. Já em Tremembé, desde a gravidez, os psicólogos começam a trabalhar com as detentas essa questão. Ao mesmo tempo que precisam estimular a aceitação do filho pela mãe, deve-se deixar claro que ele só ficará com ela nesse curto prazo. Por isso, os profissionais tentam aproximar a detenta e a sua família. Na maioria das vezes, esses laços afetivos são frágeis.
“Quando o sistema prisional afasta a presa de sua família, cria-se um problema para quando ela sair”, diz a coordenadora da Pastoral Carcerária, Heidi Cerneka. A ONG lembra que o artigo 318 da lei 12.403, de 2011, permite que um indiciado ou acusado cumpra pena em prisão domiciliar caso ele seja vital para os cuidados especiais de crianças menores de 6 anos ou com deficiência e para gestantes a partir do sétimo mês. Isso, contudo, depende da interpretação do juiz.
A infraestrutura carcerária para mães e grávidas tem crescido lentamente. Nos últimos três anos, foram construídas apenas cinco creches ou berçários nas unidades prisionais brasileiras, enquanto a quantidade de mulheres cumprindo pena só avança. Em junho de 2009, eram 30.519; em junho do ano passado, 35.596, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional, do Ministério da Justiça. O crescimento percentual de detentas é quase o dobro do de homens por trás das grades.
Em Tremembé, além da área de amamentação, existe a creche, onde as presas que querem estudar ou trabalhar podem deixar os bebês. É para lá também que as crianças vão a partir do terceiro mês para iniciar o processo de separação mãe e filho. Assim que houver recomendação da pediatra, é iniciada a alimentação suplementar. Quatro detentas do regime semiaberto fazem as vezes de babás. A unidade abriga 599 presas dos regimes provisório, semiaberto e fechado. Grávidas de oito meses e mães com filhos até 6 meses ficam na ala de puérperas, mas devem retornar ao seu setor de origem tão logo o filho saia do presídio.
Tão perto, tão longeUma lei federal (nº 11.942, de 2009) determina que, quando não houver nenhum parente para ficar com os filhos de mulheres presas, os presídios construam creches para abrigar crianças maiores de 6 meses e menores de 7 anos. A regra até hoje não saiu do papel. Embora especialistas se dividam quanto às vantagens com o argumento de que quem está presa é a mãe, não a criança, a proposta seria uma maneira de manter o vínculo entre mãe e filho. A separação entre eles após os seis primeiros meses e a realidade enfrentada depois disso é bastante sofrida para os dois lados e especialistas consultados pela CRESCER observam que pode resultar em bebês irritados e crianças com problemas de autoestima, agressivas, desobedientes e com dificuldades em fazer amizades.

  Raoni Maddalena
Valéria, à espera do hoje desejado Matheus Henrique
Sob o cuidado das avós
Samuel foi tirado dos braços da manicure Jussenilda Nunes Alves, 29 anos, no dia 28 de fevereiro. “Passei o tempo todo pedindo perdão, dizia que ele não merecia estar aqui, mas que eu iria amá-lo muito naqueles dias e por todo o resto da minha vida”, lembra. No dia da entrega, a mãe chorou e não conseguiu se despedir dele. A sogra, que mora próximo ao presídio, ficou com o bebê e seu irmão, de 3 anos. Jussenilda, que cumpre 16 anos de prisão por assalto a mão armada, sabe que só em 2014, com sorte, poderá estar no regime semiaberto. Hoje trabalha em uma fábrica de componentes eletrônicos dentro da unidade, ganhando R$ 400. E a cada três dias de trabalho, ela terá de cumprir um a menos. “É constrangedor trazê-los aqui, mas sou mãe deles e se passar muito tempo sem me ver, podem se esquecer de mim.”
Valéria Aparecida dos Santos, 27 anos, descobriu a gravidez na unidade de Tremembé. Mãe de quatro meninas, ela também engravidou de um ex-companheiro preso. E foi flagrada tentando levar cocaína para ele escondida na vagina. Já presa e quando a barriga começou a aparecer, ela passou a gritar e ficar dias sem comer. Pensou em tomar um punhado de calmantes. Queria perder a criança. Dormia de barriga para baixo, imaginando que a sufocaria. O psicólogo e outras presas convenceram-na a mudar de ideia. E hoje Valéria se arrepende de ter rejeitado Matheus Henrique. “Não sei se no futuro ele vai se revoltar comigo por isso”, diz. “Também tenho medo que minhas filhas não me perdoem.” É sua mãe, com quem nunca teve uma relação mais íntima, que cuida das meninas.
É assim também com Aurileine Mendes de Andrade, 27 anos, presa por tráfico de drogas, e que tem três filhos. Diogo, 11, e Dennis, 9, moram com a avó materna, enquanto Daivid, 3, fica com a madrinha. O menor não sabe que Aurileine é presidiária. “Sempre que vem me visitar, ele vai embora todo feliz dizendo como é o meu trabalho e que estava morrendo de saudade”, chora ao lembrar. Para aplacar a dor, escreve uma carta por semana, com um desenho para cada filho.
De cada dez detentas no Brasil, oito são mães. Quando um pai é preso, em geral a mãe cuida das crianças. No caso oposto, isso é raridade e quando não há avós por perto, os filhos vão para um orfanato. Segundo a Pastoral Carcerária, que tenta encontrar um familiar para ficar com essas crianças, muitos juízes tiram a guarda da mãe sob a alegação de abandono de menor. Isso faz também com que, ao contrário das unidades masculinas, o dia de visita nas femininas seja bem diferente. Enquanto para eles filas de mulheres e crianças se formam, e cerca de 90% dos presos recebam alguém, só 20% delas têm companhia vinda de fora, em sua maioria as próprias mães e irmãs. A ida das crianças é bastante estimulada, embora algumas presas prefiram que os filhos não as vejam ali.
Em Tremembé, por exemplo, que tem 599 presas, a média de visitantes nunca passa de 100 e só duas das mulheres ouvidas pela CRESCER recebiam os companheiros. No próximo dia das mães, se não houver problemas de disciplina, as detentas vão preparar uma festa, com decoração e bolos feitos por elas mesmas para celebrar com seus filhos e também com suas mães.
Para se ter uma ideia, São Paulo, que possui hoje 11.973 mulheres presas (22% a mais que em 2006), contava em março com 123 mulheres grávidas e 58 bebês. No total, o estado possui 16 unidades prisionais que atendem ao público feminino. Dessas, sete possuem ala de puérperas, para onde a secretaria transfere uma reeducanda que está em presídio sem instalações adequadas. Os nascimentos ocorrem nos hospitais próximos, com as gestantes escoltadas por agentes de segurança, que atuam como autoridade prisional, mas também as confortam até a hora do parto.
A cabeleireira Pamera Aparecida Barbosa, 25 anos, cumpre sua segunda pena e já teve dois filhos em presídios. Sarah, 7, nasceu na Penitenciária 1 de Tremembé, que não tinha um setor para parturientes, e a bebê passou sete dias com a mãe na ala de visitas íntimas. Ela foi solta, mas seu destino continuava preso ao sistema. Em 2009, Pamera foi flagrada em escuta telefônica pedindo dinheiro para o pai de Sarah, um traficante preso. Ela queria comprar roupas para a filha. O juiz entendeu que eram drogas. De nada adiantou o apelo de Pamera e do marido atual, de quem estava grávida de Samuel. O menino nasceu em janeiro, na unidade modelo. Mas sobra nela a esperança de que sua história ainda seja ouvida: “Quero ir embora da audiência com meu filho no colo”, sonha.
  Raoni Maddalena
À esq., Helen quer sair e levar Isabella na escola, como qualquer outra mãe. Ao lado, Pamera com Samuel, seu segundo filho nascido atrás das grade