Minha filha de 15 anos viu a irmã nascer



  arquivo pessoal
"Depois de seis anos de tentativas sem sucesso, pensei que não engravidaria novamente. Já tínhamos praticamente desistido. Eu e meu marido, Henrique, estávamos passando por um momento de estresse, ficamos quase dois anos desempregados. Quando conseguimos abrir uma loja, finalmente relaxamos... e aí tivemos uma surpresa. Em dezembro daquele ano, veio somente um sinal de menstruação e, no mês seguinte, nada. Decidi, então, fazer um teste de farmácia. Deu positivo! Na hora, liguei para o meu marido e para a nossa filha Larissa, de 15 anos. Eles não conseguiam acreditar.
Eu fiquei meio assustada, porque já tinha 43 anos, era uma gravidez de risco. Para piorar, meu marido não podia comparecer aos exames, já que precisava cuidar da loja. Mas a Larissa deu o apoio que eu precisei, ia a todas as consultas e até controlava o que eu comia. Principalmente porque, no quarto mês da gravidez, fui diagnosticada com diabetes gestacional. Tive de seguir uma dieta específica, perdi seis quilos. E ai de mim se ignorasse os conselhos da médica: a Larissa contava tudo a ela.
Mas minha filha queria participar ainda mais. No primeiro exame morfológico, a médica já desconfiou de que fosse uma menina. Quem escolheu o nome foi Larissa: a irmãzinha se chamaria Heloísa. Desde o começo, ela pedia para assistir ao parto. Meu marido, diante de tanta insistência, cedeu. Afinal, não pode com esses assuntos médicos, digamos assim. Eu achava que não era permitido, por ela ser menor de idade. Visitei a maternidade na qual faria a cirurgia e perguntei se seria possível tê-la como acompanhante. Os funcionários fizeram cara feia, mas a minha médica autorizou. “Esse bebê é mais filho da Larissa do que seu!”, brincava.
Por causa da minha idade, optamos por uma cesárea. O parto foi agendado para o dia 12 de julho de 2011, às 13 horas. Cheguei mais cedo à maternidade e aproveitei para confirmar se minha filha realmente poderia me acompanhar. A chefe de obstetrícia nos alertou que seria um tanto arriscado deixar uma criança ver uma cena tão impressionante. Então, chamei Silvia, uma amiga, para garantir uma companhia. Enquanto isso, minha médica e o anestesista continuavam buscando uma autorização, mesmo que informal, para a Larissa presenciar a cirurgia. E conseguiram. Não a deixaram ficar ao meu lado, mas permaneceu em frente à porta, de onde viu o parto todinho e fotografou cada minuto. Quando Heloísa estava nascendo, Larissa entrou na sala para ver a irmã de perto pela primeira vez. Começou a chorar, e todos se comoveram. Dali, ela saiu correndo para mostrar as fotos ao pai, toda orgulhosa.
Larissa e Heloísa são supergrudadas. Quando chega da escola, a mais velha lava as mãos, troca de camiseta e vai brincar com a bebê. Já planeja a festa de 15 anos da irmãzinha, as viagens que vão fazer juntas... Temos muito orgulho em contar essa história. Larissa me deixou muito segura estando ao meu lado desde o início. E quero que a Heloísa seja companheira assim também. Serão duas amigas que terei para sempre.
Quem pode assistir ao parto?
A lei 11.108, de 2005, conhecida como Lei do Parto, permite que a mulher escolha um acompanhante para o período antes, durante e após o nascimento do bebê. “Se houver alguma complicação, a equipe médica pode afastar o acompanhante”, explica Esther Vilela, coordenadora da Área Técnica da Saúde da Mulher e da Rede Cegonha. Isso vale para o Sistema Único de Saúde (SUS) e costuma ser respeitado pelas instituições particulares.
Por lei, os planos de saúde não podem cobrar a taxa de paramentação (procedimentos de higienização do acompanhante, o que inclui a roupa), a não ser em contratos anteriores a junho de 1998.
Decisões como o número de acompanhantes cabem ao hospital e aos profissionais, que vão considerar o tamanho da sala de parto e as condições em que ele acontecerá.
Uma amiga, um parente ou o pai do bebê. É a gestante que escolhe quem a acompanhará nesse momento especial. O importante é sentir-se amparada e segura.
  arquivo pessoal
Larissa com o pai, Henrique, e a irmã Heloísa: ela foi a todas as consultas do pré-natal da mãe Ana Lúcia (à dir.) e tirou as primeiras fotos do bebê ainda na sala de parto

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