Soluções para uma rotina mais leve


Soluções para uma rotina mais leve

Você sabe que ter filhos é motivo de sobra para felicidade. Ainda assim, é impossível negar que, algumas vezes, eles podem causar um certo estresse na rotina. É normal! Não dá para ser tudo sempre tranquilo, mas, se você diminuir a expectativa e o nível de cobrança, conseguirá transformar até os momentos mais tensos (alguém aí sai atrasado todo dia?) em memórias gostosas e curtir as crianças ainda mais

Gabriel Rinaldi
Arthur veste camiseta e calça da You
Seu filho risca a parede da sala, não quer experimentar a roupa na loja, faz birra dentro do supermercado e implica na hora de sentar na cadeirinha do carro. À noite, você resolve ler uma história para ele, mas o sono é tanto que mal consegue chegar à última página. No meio disso tudo, quase não sobra tempo de lembrar quanto sua vida é mais gostosa agora, com as crianças. Mas nem precisa: você já sabe e a ciência comprova! Duas pesquisas recentes mostram que os casais com filhos são mais felizes. Uma delas, coordenada por um instituto alemão, analisou respostas e dados de mais de 130 mil adultos em todo o mundo, que foram acompanhados cerca de cinco anos antes e cinco anos depois de ter filhos. O que se percebeu é que o nível de felicidade deles aumentou após a gravidez. O outro estudo, norte-americano, examinou 120 mil adultos de pesquisas feitas entre 1972 e 2008 e descobriu que, enquanto nas décadas de 1980 e 1990 era mais feliz quem não tinha filhos, nos anos 2000 o resultado se inverteu.
Claro, no dia a dia, nem tudo é um comercial de margarina. Tem situações em que, sim, dá vontade de se trancar no banheiro e só sair quando todo mundo estiver dormindo. E a dica para esses momentos difíceis é escolher quais batalhas comprar e diminuir o seu nível de estresse. “Não há como os filhos – independentemente da idade – ficarem calmos quando seus mentores estão estressados. Isso ocorre porque as crianças desde cedo aprendem a sentir o clima de casa, fator importante para o bem-estar e até para a sobrevivência delas, que têm uma enorme habilidade para se adaptar. Um ambiente hostil gera filhos hostis; um ambiente estressante leva a filhos estressados”, explica a psicóloga Marilda Lipp, autora de vários livros sobre estresse, entre eles Crianças Estressadas: Causas, Sintomas e Soluções (Ed. Papirus) e Como Enfrentar o Stress Infantil (Ed. Ícone).
OK, claro que não é nem um pouco fácil deixar de lado tudo o que nos deixa nervosos. Mas vale a pena. Por isso, perguntamos para mães e especialistas qual é a melhor maneira de lidar com as crises mais comuns do dia a dia com os filhos. Tudo para que você consiga aproveitar mais ainda o tempo com as crianças, sem brigas.
1. Sempre adiantado
Sair de manhã é uma guerra na sua casa? “Tem vários fatores que complicam a rotina, desde acordar até colocar os sapatos”, conta a professora Lucia Helena Pomarico, 42 anos, mãe de Luisa, 3. Antes, a menina não queria vestir as meias, agora, a briga é para arrumar o cabelo. Como criança é mesmo imprevisível, o jeito é se organizar. “Não adianta achar que o filho vai levantar e se trocar na hora: eles precisam de mais tempo para acordar. Chame uma vez, abra a janela, acenda a luz do banheiro... O corpo leva alguns minutos para começar a funcionar e não é na pressa que isso vai ocorrer”, explica Ana Cássia Maturano, psicóloga e psicopedagoga de São Paulo. Acordar 15 minutos antes do horário normal, separar a roupa no dia anterior e deixar o lanche da escola pronto na geladeira também podem ajudar você a ganhar tempo de manhã.
2. Roupa nova sem drama
Matheus tem 3 anos e fica do lado de fora da loja enquanto a mãe, a jornalista Viviane Fritz, 29 anos, compra roupas para ele. Como não gosta de experimentar nada, o jeito é ela levar uma camiseta ou calça do menino como referência e pedir um número maior. Mas tem outra opção: usar a simetria do corpo da criança a seu favor. Por exemplo, se precisa comprar um sapato, meça-o pelo antebraço do seu filho – que é exatamente do tamanho do pé dele. As calças você mede colocando a parte do cós em volta do pescoço. Se ela der a volta certinho, é porque vai caber. Caso seja uma roupa mais difícil de acertar (como para um casamento), o jeito é convencer a criança a experimentá-la. Explique que é uma ocasião especial e combine de fazer algo bem legal depois.
Para não ter erro na hora de comprar roupa sem provar: leve uma peça parecida que sirva no seu filho ou tire as medidas dele como se fosse brincadeira! Meça de um ombro ao outro, o tronco (do pescoço até o quadril), as pernas (do quadril até os pés) e a cintura. E anote de tempos em tempos para mostrar como ele cresceu

3. Criança em festa de adulto
Às vezes, não tem jeito: você precisa levar seu filho a um evento social durante a noite. Primeiro, certifique-se de que o ambiente é amigável para crianças. “Se for na casa de um amigo, ligue e pergunte se ela pode ir ou não. Normalmente o anfitrião cede”, sugere Ana Vaz, consultora de etiqueta e mãe de Theodoro, 5 anos, e Helena, 3. Os bebês podem ficar dormindo no carrinho, mas os maiores precisam de uma distração. Você pode e deve levar um brinquedo, mas escolha algo que não faça muita bagunça ou barulho. Jogos eletrônicos (sem sons!) e livros são boas pedidas. Também prefira lápis em vez de canetinha, para evitar acidentes. Antes de sair, converse com seu filho, explique que é um ambiente de adultos e que ele precisa se comportar. Mas, se começar uma birra, conforme-se: melhor voltar para casa cedo.
Você sabe que ter filhos é motivo de sobra para felicidade. Ainda assim, é impossível negar que, algumas vezes, eles podem causar um certo estresse na rotina. É normal! Não dá para ser tudo sempre tranquilo, mas, se você diminuir a expectativa e o nível de cobrança, conseguirá transformar até os momentos mais tensos (alguém aí sai atrasado todo dia?) em memórias gostosas e curtir as crianças ainda mais

 Gabriel Rinaldi
Sarah está de shorts da Camú Camú. Blusa da You. Vestido da Green. Tênis Converse All Star.
4. Sem nome feio
Seu filho está aprendendo a falar e ainda nem sabe o significado das palavras direito. Só que, um dia, ele solta um palavrão. Foi o que aconteceu com a empresária Fernanda Egydio, 36 anos, mãe de Pedro, 8, e Maria Julia, 6. “Recentemente ele me perguntou o que era um certo termo e eu disse que era um palavrão, mas ele falou que era impossível, pois a palavra era pequena!” O argumento tem um quê de verdade. “As crianças não sabem o que estão falando, então, cabe aos pais explicarem o que pode ou não ser dito”, diz a psicopedagoga Nívea Fabrício, diretora psicopedagógica do Colégio Graphein (SP).
5. Cadeirinha amiga
É lei e uma questão de segurança, mas muitas crianças não querem ficar na cadeirinha do carro. “Consegui convencer a Luisa a sentar, mas agora ela não quer pôr o cinto da maneira correta, só na cintura”, diz a professora Lucia Helena Pomarico. “Meu aliado nesses casos é o guarda, que está por perto. Eu falo que ele vai fazer a gente parar e vai prender o carro”, conta. Nesse caso, a “desculpa” de Lucia é legítima. Mas, e aquelas mentiras brancas, como dizer que o veículo não liga se a criança não estiver na cadeirinha? “Não vejo problema em contá-las, mas tem outras estratégias didáticas que funcionam, como mostrar que a mãe e o pai também usam cinto e explicar que, se acontecer um acidente, ela pode se machucar se estiver fora da cadeirinha – assim como a mãe e o pai se estiverem sem cinto”, diz a psicopedagoga Ana Cássia Maturano.
Palavrão é só uma palavra feia. E que fica mais feia ainda na boca de criança. Se seu filho falar, chame a atenção dele, mas não faça drama. Ou você não se lembra que, quando criança, adorava fazer algumas coisas só para irritar seus pais? De repente, até falava palavrão também... 

6. Paredes em ordem
Você chegou em casa e descobriu a parede da sala toda desenhada? “Sujou, limpou.” Essa é a orientação da psicopedagoga Nívea Fabrício. “Não precisa brigar, mas sim explicar que não pode, reforçar que, se antes não havia sido falado, agora está claro que desenho é só no papel.” Viviane Fritz passou por isso com o filho Matheus, 3 anos. Ele rabiscou toda a parede do quarto da avó. “Perguntei por que ele tinha feito isso e a resposta foi: ‘Porque não tinha papel!’ Falei para ele que não podia desenhar na parede, e que se isso acontecesse de novo, eu teria que tirar o dinheiro do cofrinho dele para pagar uma pintura nova. Agora ele sempre pede papel!”
7. Piso reluzindo
Se você tem um menino em casa, sabe bem que o Beyblade, aquele peão de metal, é um perigo para o chão da sua casa (principalmente se ele for de madeira, com revestimento de sinteko ou bona). Para protegê-lo, você pode comprar uma arena oficial, que custa de R$ 80 a R$ 100, ou improvisar uma em casa. A empresária Enelian Santos, 28 anos, tem dois aficionados por Beyblade: Angelo, 8 anos, e Gabriel, 7. “Eles usavam as vasilhas plásticas grandes da cozinha como pista, mas todas quebraram.” Nesse caso, uma opção mais resistente são fôrmas de bolo. Agora, se o piso já está arranhado, você até pode passar cera para disfarçar, mas, com o tempo, o pedaço vai ficar mais escuro. O melhor mesmo é contratar uma empresa especializada e fazer uma raspagem. O serviço custa em média R$ 1 mil, mas o preço varia de acordo com o tamanho do cômodo. Achou caro? Uma solução rápida e charmosa é usar um tapete para cobrir os riscos. Pode até não resolver, mas você não irá mais vê-los!
8. Brinquedos organizados
Eles praticamente já fazem parte da decoração, mas de uma maneira não muito harmoniosa. E a solução encontrada por dez entre dez mães é guardar tudo em baús grandes ou dentro do berço portátil. Funciona, mas para deixar na sala nem sempre é muito harmônico. Busque baús grandes de madeira, que possam servir de mesa de centro, ou caixas com estofados em cima, para servir de assento. Outra ideia é usar aquelas tendas e cabaninhas portáteis para guardar tudo de um jeito rápido e deixar os brinquedos fáceis para o seu filho pegar.
Você sabe que ter filhos é motivo de sobra para felicidade. Ainda assim, é impossível negar que, algumas vezes, eles podem causar um certo estresse na rotina. É normal! Não dá para ser tudo sempre tranquilo, mas, se você diminuir a expectativa e o nível de cobrança, conseguirá transformar até os momentos mais tensos (alguém aí sai atrasado todo dia?) em memórias gostosas e curtir as crianças ainda mais

Gabriel Rinaldi
Murilo veste camiseta da Pura Mania Kids. Jaqueta da Camú Camú
9. “Manhê, tá chegando?”
Se ficar horas no carro não é agradável nem para os adultos, imagine para as crianças. Veja algumas dicas de como distraí-las no trânsito:
Em vez de reclamar do carro da frente, fale de coisas boas e aproveite o tempo para conversar com seu filho. Mantenha a calma, porque o seu estresse passa direto para ele.
Abra o jogo, com sinceridade, dizendo: “Está tudo parado e vai demorar a chegar”. Explique que andar mais depressa não depende de você e aponte os carros na rua, mostrando que todos estão ali ao mesmo tempo. Então, proponha uma brincadeira: adivinhar que horas chegarão ao destino final. Quem acertar ganha um sorvete!
Coloque uma música para cantarem juntos. Alterne uma canção da qual ele goste com a sua preferida, para variar o repertório.
10. É hora de partir...
...mas quem disse que seu filho concorda? Você pode usar alguns artifícios para evitar surpresas quando precisar ir embora de algum lugar. Avise-o com um tempo de antecedência, para que ele comece a se acostumar com a ideia de se despedir. Diga que vocês vão sair em dez minutos, por exemplo, e que ele pode brincar mais um pouquinho. E, quando o momento chegar, seja direto e firme, afirmando que vocês precisam ir mesmo e ele pode voltar outra hora.
11. Supermercado com classe
Nem sempre é possível ignorar uma criança gritando e esperneando, ainda mais em um local público. Quando isso acontece, uma boa técnica é tirar seu filho da cena. Leve-o para um canto da loja com menos gente e espere ele se acalmar. Para a psicopedagoga Ana Cássia Maturano, os pais só não podem atender ao pedido e agradar o filho. “Desse modo ele vai entender que consegue o que quer no grito. Aí, sempre vai repetir esse comportamento.” Mas não tem nenhum problema em combinar antes da ida ao mercado que ele só pode escolher dois itens, por exemplo. Já diz o velho ditado: combinado não sai caro, e isso vale também para as crianças.
12. Sinceridade de criança
“O seu cabelo é esquisito.” “Essa moça é tão gorda, né, mamãe?” Algumas crianças acabam sendo sinceras demais em momentos inadequados... E sair de uma saia-justa dessas pode ser complicado. Se o seu filho falar algo que não deveria, principalmente perto de outro adulto, o melhor é só pedir desculpas e não tentar ensinar a criança na hora, para não constranger ainda mais a “vítima”. “Depois você chama seu filho para conversar e explica que tem coisas que a gente não fala, pois as pessoas ficam chateadas e não gostam de ouvir comentários sobre seu peso ou seu cabelo”, diz a psicopedagoga Nívea Fabrício.
13. História para pai dormir
Você está lendo para o seu filho à noite e, à medida que as páginas vão passando, os olhos vão pesando... Sim, depois de trabalhar o dia todo, fazer o jantar, dar banho, claro que você está cansado. A atriz e contadora de histórias Simone Grande dá algumas dicas para você não pegar no sono:
Fique em uma posição confortável, mas não se deite. Isso vai deixá-lo mais sonolento.
Interprete. Faça vozes, gestos e use brinquedos para ilustrar as cenas.
Escolha uma história da qual você goste também. Assim, dá mais vontade de ler.
Prefira livros com personagens dinâmicos, com música, ou invente uma melodia para alguma parte da trama.



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