Palpite no bebê dos outros é refresco


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Todo mundo dá palpite. E, quando a pessoa engravida, vira um magneto de palpite. Parece que a turma cheia de opiniões enfiou o dedo na tomada, porque é como uma avalanche.
E quando eu digo palpiteiros, incluímos aí pessoas amorosas e bem intencionadas, que só querem o melhor. Tem mãe, sogra, vizinha, aquela amiga experiente que já tem filhos...
“E qual o problema?”, você já deve estar se perguntando. Afinal, muitos conselhos são mesmo úteis. O problema é a velocidade com que as coisas mudam. O que era certo pra sua mãe pode ter mudado completamente. E o que era certo pra sua amiga que tem um filho de 5 anos também pode ser diferente hoje.
Quer ver? Na época da minha avó achavam que leite não era suficiente para bebezinhos, então, ele tinha de ser “engrossado”. Já na época da minha mãe, achavam o leite nutritivo o bastante, mas deviam considerar que era comida e não bebida, porque as mamadeiras de leite eram alternadas com as de chá.
Quer ver um exemplo mais assustador? Eu sei que não, mas vou falar mesmo assim. Existe um negócio que se chama “síndrome da morte súbita em bebês”. Apesar de ninguém saber o que causa esse horror, as estatísticas mostravam as posições em que isso acontecia com menos frequência, e os médicos chegaram à conclusão que era de lado. Então, todos os bebês eram postos para dormir de lado, e, em todo lugar, vendiam apoiadores de fazer bebês dormirem de lado. De poucos anos pra cá, isso mudou, e agora a posição mais segura é de barriga pra cima.
Peguei o momento de transição. O hospital ainda estava no padrão antigo. O pediatra já estava no atual. O resultado é que o hospital punha o bebê de lado, o pediatra virava de barriga para cima. Isso não era um neném, era um ioiô.
O que nos leva ao antídoto para os palpiteiros: o pediatra.
A ciência e a medicina evoluem em uma velocidade impressionante. Então, não apenas ele estudou medicina por anos, pediatria por mais outros, fez residência e tal, como ele tem a obrigação de se manter informado. Afinal, ele é pago por isso e constrói toda uma carreira assim.
Escolher um bom pediatra é uma das coisas mais importantes que você faz, não só pelo seu filho, mas por você mesmo. Mais que tratar a criança, o pediatra ajuda a educar os pais. Você escolhe um com quem se identifica e vai na dele. Porque, no fim, amor e boas intenções não bastam. Na hora do desespero você fica propenso a acreditar até que cachaça é bom para o bebê dormir e pode até ficar na dúvida: “Ponho na mamadeira ou nocauteio ele com a garrafa?”. Então, se for pra ouvir alguém, ouça o seu pediatra. E, não, isso não é um palpite.

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